Com o auxílio de suas 27 seccionais, o Conselho Federal da OAB promoverá, no
próximo dia 18 de maio, o Dia Nacional da Luta Antimanicomial. A data servirá
para concentrar as atenções, a nível nacional, em uma das bandeiras da questão
carcerária no Brasil, indo ao encontro da campanha promovida pela OAB com outras
entidades e órgãos.
O presidente da OAB Nacional, Marcus Vinicius Furtado Coêlho, enaltece a
importância do engajamento. “A atenção à referida data é importante para
reforçar o trabalho que vem sendo realizado em esforço conjunto pelo poder
público e pelas organizações da sociedade civil. É uma luta pela garantia da
dignidade das pessoas com transtornos psíquicos e da proteção dos seus
direitos”, resume.
Ele ressalta que “a progressiva extinção dos hospitais de custódia e
tratamento psiquiátricos, os chamados manicômios judiciários, é parte dessa
luta e da reforma que urge ser realizada no sistema carcerário nacional como um
todo”. No último dia 25 de abril, o presidente da OAB Nacional enviou ofício a
todos os presidentes de seccionais requerendo a produção de um relatório sobre o
sistema carcerário de cada estado. Os resultados serão condensados em um
relatório nacional a respeito do assunto.
Para Marcus Vinicius, há uma incoerência entre discurso e prática. “O
discurso do respeito aos direitos humanos se apresenta como uma triste retórica
quando se verifica a situação dos manicômios judiciários no Brasil. Trinta e
cinco por cento das pessoas que permanecem submetidas a medidas de segurança em
manicômio judicial já possuem exame atestando que cessou a periculosidade. A
manutenção dessas pessoas "segregadas" se constitui em uma violência aos
direitos e garantias constitucionais”, observa o presidente.
Marcus Vinicius define um manicômio judiciário como “um ambíguo lugar com
crise de identidade entre ser prisão ou ser casa de tratamento”. Para ele, o
trabalho a ser feito é o do resgate à cidadania dos cidadãos ali internados.
“Persiste a lógica vigente nos séculos 19 e 20, quando se tinha uma única
solução para o considerado louco: o afastamento da sociedade, sem qualquer
atitude ou preocupação no sentido de tratá-lo ou diminuir seu sofrimento.
Respeitar o outro com a dignidade inerente a todo ser humano é requisito de uma
civilização”, prega.
Segundo o presidente da Coordenação Nacional da OAB de Acompanhamento do
Sistema Carcerário, Adilson Geraldo Rocha, as recorrentes reuniões e discussões
sobre o tema mostram a importância com a qual o Conselho Federal da OAB trata o
tema. “O oitavo ponto da Carta de Conclusões dos encontros da Comissão é a
proposição, aos governadores, de edição de Decreto ou outro ato administrativo
transferindo a gestão dos Hospitais de Custódia e Tratamento Psiquiátrico para a
Secretaria de Saúde. O problema é de saúde, foge da competência da Justiça
Criminal”, conclui.
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